INFECÇÕES POR SÍFILIS
Resumo
Introdução: A sífilis tem sido considerada um problema de saúde pública grave, e os números de casos vêm aumentando de forma significativa nos últimos anos, especialmente no Brasil, o aumento da sífilis nos últimos anos tem sido atribuído a uma combinação de fatores sociais, comportamentais e de saúde pública De acordo com dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), esse aumento é notável tanto na sífilis adquirida quanto na congênita (transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez) 7. A TMF é uma das principais formas de disseminação da sífilis, e a infecção em mulheres grávidas pode ter consequências graves, tanto para a gestante quanto para o recém-nascido, resultando em complicações como natimorto, parto prematuro e anomalias congênitas Para atingir as metas globais de controle da sífilis até 2030, a eliminação da TMF é essencial. Isso requer a triagem e o tratamento adequados e oportunos de gestantes infectadas 3. O exame de sífilis está incluído no protocolo de pré-natal e é recomendado pelo Ministério da Saúde no Brasil 7. O teste deve ser realizado no início da gestação e repetido no terceiro trimestre e, em alguns casos, também no momento do parto, para evitar a transmissão da sífilis congênita 7. Os dados relacionados à saúde pública, incluindo o controle da sífilis, são armazenados em sistemas como o SISPRENATAL e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), ambos utilizados para acompanhar gestantes e notificar doenças de notificação compulsória, como a sífilis. Esses sistemas são ferramentas importantes para o monitoramento da saúde materno-infantil e o controle de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) 8. Este estudo visa, estimar a prevalência da sífilis entre mulheres grávidas em todo o mundo, contribuindo para o entendimento do panorama global dessa infecção 5. Objetivo: O objetivo é observar e compreender a prevalência da sífilis entre mulheres grávidas em escala global. Ao reunir e analisar dados disponíveis, buscamos identificar o alcance dessa infecção e suas implicações para a saúde materno-infantil, além de contribuir para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de prevenção e controle da transmissão vertical da sífilis. Metodologia: O presente estudo se desenvolveu, por meio de estudos retrospectivos, através das plataformas Pubmed, Scielo e OMS. Resultados e Discussão: A sífilis, uma infecção sexualmente transmissível, tornou-se um grave problema de saúde pública, especialmente entre populações vulneráveis. Observou-se um aumento na proporção de casos diagnosticados com a mutação A2058G entre 2018-2021 em comparação a 2006 (70% IC 95% 50-87 vs. 58% IC 95% 12-78) 2,6 .No Brasil, os dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam um aumento nos casos de sífilis adquirida e congênita. Em 2020, foram notificados mais de 61 mil casos de sífilis adquirida em mulheres e cerca de 22 mil casos de sífilis em gestantes 7,8. As regiões mais afetadas são o Nordeste e o Sudeste, onde o controle e a prevenção ainda enfrentam desafios significativos.Os estudos reforçam que o tratamento mais eficaz para sífilis precoce consiste em uma única injeção intramuscular de 2,4 milhões de U de penicilina G benzatina, com taxas de sucesso variando de 90% a 100%. No entanto, o valor de múltiplas doses nesse estágio é incerto, especialmente em pacientes coinfectados com HIV 6. Há menos evidências disponíveis para a terapia de sífilis tardia ou latente tardia, e a resposta sorológica ao tratamento pode demorar mais de 6 meses, especialmente nesses casos 1. A sífilis em mulheres e durante a gestação continua sendo um desafio de saúde pública global, com graves implicações para a saúde materno-infantil. Embora o tratamento seja eficaz e acessível, a falta de diagnóstico precoce, a subnotificação e o tratamento inadequado dos parceiros contribuem para o aumento dos casos 9. A educação, a testagem regular e o acesso ao tratamento são elementos essenciais para controlar a propagação da doença e prevenir a sífilis congênita. O acompanhamento sistemático das gestantes e o fortalecimento das políticas públicas são essenciais para mitigar os efeitos adversos dessa infecção .
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