EDUCAÇÃO INCLUSIVA NAS CATEGORIAS ESPAÇOS-TEMPORAIS

Autores

  • Juliana Cerutti Ottonelli Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Chapecó, SC, Brasil.

Palavras-chave:

Educação Inclusiva, Transtornos Mentais

Resumo

Este estudo consiste em uma discussão do texto “Categorias espaço-temporais e socialização escolar: Do individualismo ao narcisismo”, da autora Julia Varela (1996). As categorias de pensamento estão vinculadas a uma categoria espaço-temporal que varia em função das culturas e das épocas históricas que constantemente se refazem, de acordo com o funcionamento do poder e do saber adotado em cada sociedade. A autora defende a existência de três modelos pedagógicos predominantes em diferentes momentos históricos: o disciplinar, o corretivo e o psicológico. A pedagogia disciplinar se identifica com algumas transformações que ocuparam lugar no século XVIII, como a economia, a política e o campo social. No início do século XX, surge o modelo pedagógico corretivo, o qual concretiza-se na busca da criança natural, baseado nos princípios roussenianos. O Estado Interventor ganha relevância no plano político, neutralizando as lutas de classes e buscando solucionar as graves questões sociais, harmonizando os interesses dos trabalhadores. Na economia, surgem as concepções fordistas de produção. Neste sentido, os espaços educativos destinados a docilização dos corpos, especificadamente a quem apresentava transtornos mentais, seguia o modelo do internamento, o qual era considerado uma estrutura quase jurídica, onde se julgava e condenava. A prática da internação passou a designar uma nova reação à miséria, um novo relacionamento do homem com aquilo que pode haver de desumano na sua existência. Se antes o louco era acolhido pela sociedade, agora ele era excluído, pois ele perturba a ordem do espaço social (Foucault, 1978). A sociedade viveu em um regime composto por táticas, estratégias e técnicas, de certa forma, violentas, submetida à separação, ao isolamento e ao encarceramento, como forma de punir o “diferente” com o intuito de os tornarem iguais. A uniformização e a homogeneização foram e são ainda, utopias de todas as formas de poder, sejam estas políticas, econômicas, sociais, entre outras. O desejo é produzir sujeitos de alma e corpo sãos, ou seja, disciplinar corpos e mentes para a sujeição destes poderes para se obter controle de suas condutas (Foucault, 2014). Posteriormente, a escola passou a ser obrigatória, baseando suas ações na profilaxia e na regeneração; os testes de inteligência ganharam destaque na avaliação da capacidade natural do indivíduo originando um novo modelo de instituição educativa, capaz de educar indivíduos com dificuldades de aprendizagem. Neste modelo, o objetivo pedagógico é implantar o controle interior do próprio indivíduo.  As escolas especiais podem estar associadas a um novo modelo de internamento, ou seja, àqueles considerados “anormais” e excluídos do sistema educacional regular, passam a frequentar instituições educativas que evidenciam a diversidade humana, com um caráter puramente excludente. O último modelo proposto por Varela (1996) é a pedagogia psicológica, orientando o processo de aprendizagem através de controles sutis e não-diretivos. Nesta percepção e com as mudanças nas instituições educativas, os sujeitos com transtornos mentais ganham espaços junto aos demais, inserindo-se nas escolas regulares por meio do processo inclusivo, o qual, de certa forma cultua o processo de in/exclusão, ao excluir os sujeitos dentro do próprio processo de inclusão por permanecer nos moldes de vigilância e controle das condutas, na docilização destes sujeitos ao formato esperado pela sociedade.

Referências

Foucault, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.

Foucault, Michel. Vigiar e punir. O nascimento das prisões. 42 Ed. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2014.

Varela, Julia. Categorias espaço-temporais e socialização escolar: Do individualismo ao narcisismo. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.). Escola Básica na virada do século: cultura, política e currículo. Cortez Editora, 1996.

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Publicado

2024-08-05

Edição

Seção

Resumo Expandido