ANGÚSTIA E CASTRAÇÃO

Autores

  • Juliana Cerutti Ottonelli Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Chapecó, SC, Brasil.

Palavras-chave:

Psicanálise, Angústia, Castração, Jackes Lacan

Resumo

Este trabalho objetiva discutir as noções da angústia e da castração, a partir de leituras de Jackes Lacan. Consiste em um estudo bibliográfico das principais obras do autor, com o intuito de compreender a estruturação da angústia. Para Lacan (1962-63), a angústia é um afeto, não uma emoção, mas um afeto especial que “tem estreita relação de estrutura com o que é um sujeito” (p. 10). Este afeto é da ordem de uma perturbação e não de um sentimento, ou seja, ela não engana.  Em todo o seu discurso sobre a angústia, Lacan a articula aos registros do real, do simbólico e do imaginário. A ideologia abordada, é que a angústia decorre da sua afirmação da existência de uma relação essencial entre a angústia e o desejo do Outro. Esse Outro ocupa o lugar do significante para a definição de angústia, a qual está estruturada por esta relação ao campo do significante na sua articulação com o imaginário. Assim, a angústia se constitui como um mecanismo que faz aparecer alguma coisa no lugar do objeto do desejo, como imagem da falta. Conforme Coutinho Jorge (2007), Lacan criou o termo “objeto a” ao discorrer que a angústia surge quando algo ocupa o lugar do objeto faltoso do desejo, ou seja, da aproximação do objeto faltoso, o que faz com que o objeto a gere a morte do desejo. Concordando com Lacan, é possível considerar que a aproximação ao objeto faltante consistirá na perda do desejo, o que gerará a angústia e em seus derivados simbólicos de afeto, como no caso da castração em que o sujeito vivencia a angústia com seus derivados de amor e ódio. Quando algo surge no lugar da castração imaginária, provoca angústia, uma vez que a falta, falta. Ou seja, ao afirmar que aquilo que o sujeito recua, não é a castração em si, mas sim, de fazer de sua castração o que falta ao Outro.  “É de fazer de sua castração algo de positivo que é a garantia desta função do Outro” (RINALDI, 2007, p. 4). A angústia é sinal da divisão significante do sujeito, e Lacan (1962-63) a discorre como uma função mediana entre o gozo e o desejo. O sujeito desejante, na sua busca do gozo, procura fazer entrar esse gozo no lugar do Outro, como significante e é por esta via que o sujeito se precipita, se antecipa como desejante. A precipitação não se trata do sujeito apressar as suas próprias etapas, mas sim, aquém de sua realização, esta ânsia do desejo ao gozo, o qual emerge a angústia. A proposição de Lacan, é que a angústia de castração é a condição para a sustentação do desejo.  Contudo, é possível concluir que a castração consiste em um recurso do sujeito para evitar o que está no centro do seu desejo. A ameaça de castração não condiz com o status do objeto a, pois não há objeto a ser castrado, mas sim, a sua resolução está na sua relação com a angústia.

Referências

Coutinho Jorge, Marco Antônio. Angústia e castração. Belo Horizonte: Reverso, ano 29, n.55, p. 37-42, set., 2007.

Lacan, Jackes. Seminário X - A Angústia (1962-63), documento de circulação interna do Centro de Estudos Freudianos de Recife.

Rinaldi, Dóris. Conceito de angústia em Lacan. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007. Disponível em: http://www.interseccaopsicanalitica.com.br/int-biblioteca/DRinaldi/Doris_Rinaldi_conceito_de_angustia_em_Lacan.pdf. Acesso em: 15 de julho de 2023.

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Publicado

2024-08-05

Edição

Seção

Resumo Expandido