UMA PEQUENA NOÇÃO DA PRÁTICA PSICANALÍTICA DE LACAN

Autores

  • Juliana Cerutti Ottonelli Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Chapecó, SC, Brasil.

Palavras-chave:

Psicanálise, Jackes Lacan, Psicoterapia

Resumo

Este estudo objetiva discorrer acerca da formação e da prática psicanalítica, a partir dos estudos de Jackes Lacan. Consiste em um estudo bibliográfico a partir das principais obras do autor e demais estudiosos da psicanálise. Dessa forma, é preciso evidenciar que a formação de um analista e da validade das suas ações se coloca em função de um utilitarismo imaginário atrelado a uma discussão sobre os conceitos que sustentam e dão sentido à prática psicanalítica. Na prática psicanalítica não há uma visão prodrômica ou normatizada a técnicas, mas sim, em princípios que necessitam ser formalizados; a psicanálise não se submete à lógica de um manual, descrições ou regras. Freud (1915), em seus estudos, expôs que a psicanálise se define e orienta seu campo de ação em função de sua ética e não de uma técnica exterior ao seu discurso. Ao pensar na função do analista, conforme Lacan (2008), está na diferença entre conhecimento e saber, diferença essa que possibilita a discussão ao que Lacan denominou como transmissão. A formação do analista visa atuar mais no âmbito da ética do inconsciente do que na técnica do conhecimento. Tanto Freud quanto Lacan, reconhecem a importância de uma transmissão de saber que supere a teoria dos livros, e sim, que inicie a sua formação na análise de seus próprios sonhos, e que o produto de uma análise seja um novo analista. Freud (1987) já defendia a ideia de que o psicanalista que negligencia o saber adquirido da própria análise, em prol do conhecimento adquirido nos livros e em conferências, não será apenas punido pela incapacidade de aprender mais sobre os seus próprios pacientes, mas também será um perigo para os outros e para a psicanálise. Essa concordância entre Freud e Lacan sobre a formação de um analista, se distancia do modelo utilitarista das psicoterapias e do ensino convencional, ou seja, a formação do analista coincide com sua clínica e sua análise pessoal e dessa forma, não há vinculação com a normatividade utilitarista almejada pelas psicoterapias e pelos manuais de técnicas terapêuticas. A primeira distinção na formação de uma analista consiste no saber que a técnica pode estar distante da ética, e que esta, por sua vez, deve exercer o papel primordial em uma análise. Ou seja, a diferença entre a técnica e a ética remete ao objetivo da prática clínica. Dessa forma, é possível concluir que enquanto às demais linhas de psicoterapia e a psiquiatria seguem o paradigma de que a saúde é o completo bem-estar (físico, psíquico e social) e que objetivam a cura e a utilidade do sujeito à sociedade, a psicanálise objetiva uma intervenção clínica que aponte caminhos que não privilegiem a utilidade do sujeito, tão pouco o seu bem-estar, mas sim, na elucidação de seus desejos.  

Referências

Freud, Sigmund. Luto e melancolia (1915). In: Freud S. A história do movimento psicanalítico, artigos sobre metapsicologia e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1987.

Lacan, Jackes. O Seminário, livro 3: as psicoses (1955-1956). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.

Lacan, Jackes. O Seminário, livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.

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Publicado

2024-08-05

Edição

Seção

Resumo Expandido