O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NA PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS: CONTRIBUIÇÕES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Resumo
Nas últimas décadas, o conceito de saúde passou por significativas transformações, abandonando o modelo hospitalocêntrico, curativo e reabilitador para adotar um enfoque assistencial promotor da saúde, preventivo e com a participação ativa da comunidade e a colaboração interdisciplinar dos profissionais de saúde. Essa abordagem visa não apenas a ausência de doença, mas a busca pelo equilíbrio do ser humano, superando as limitações da assistência curativa tradicional (RAGASSOM et. al, 2003). Em 1986, durante a Oitava Conferência de Saúde em Brasília-DF, ocorreram discussões cruciais sobre a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse movimento visava uma reformulação profunda, impulsionada pelas lutas em busca da garantia dos direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988. Em 19/09/1990 foi assinada a Lei nº 8080, instituindo o Sistema Único de Saúde (SUS) (VITELLI et. al, 2021). Em 1994, como uma estratégia para implementar ações de promoção primária em saúde, foi criado o Programa de Saúde da Família (PSF) pelo Ministério da Saúde (MS). Esse programa visava integrar ações de prevenção e tratamento em áreas específicas, promovendo atuações conjuntas entre diversos profissionais da equipe básica, como médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). Os agentes comunitários de saúde desempenhavam um papel crucial como elo importante na formulação e desenvolvimento das ações nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) (VITELLI et. al, 2021). Apesar de o Programa de Saúde da Família (PSF) ser um marco nas ações primárias de saúde, tornou-se evidente que o número limitado de profissionais era insuficiente para alcançar os objetivos de integralidade. Diante desse desafio, surgiu a necessidade de criar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), incorporando profissionais que não faziam parte do escopo da Estratégia de Saúde da Família (ESF), incluindo, por exemplo, o fisioterapeuta. O NASF foi estabelecido para promover a atenção integral por meio de práticas interdisciplinares (VITELLI et. al, 2021). A inclusão do fisioterapeuta nos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) é um processo em andamento, buscando fortalecer intervenções multiprofissionais voltadas para a promoção da saúde. O NASF tem como propósito oferecer ações de promoção e cuidado à saúde, contribuindo para o desenvolvimento das atividades da ESF (VITELL al, 2021). Reconhecida como curso superior em 1969, para regulamentar a atuação do fisioterapeuta, foi criado o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO). Além disso, com o propósito de legalizar e fiscalizar os serviços desses profissionais, foram estabelecidos os Conselhos Regionais (CREFITO), conforme estabelecido pela Lei nº 6.316 de 17 de dezembro de 1975. Esses órgãos têm a responsabilidade de legislar e estabelecer um código de ética que orienta a prática profissional dos fisioterapeutas (RODRIGUES et. al, 2010). Um dos desafios encontrados durante a implantação do fisioterapeuta foi romper os paradigmas de sua atuação. A fisioterapia encontrava-se restrita a ações e manejos envolvendo somente reabilitação e recuperação, foi a partir da década de 80 que os fisioterapeutas passaram a abranger a promoção e a prevenção da saúde da população como campo de atuação (RODRIGUES et. al, 2010). A principal meta da fisioterapia é manter, desenvolver, preservar e restaurar a integridade de órgãos, sistemas e/ou funções, focando crucialmente na consideração dos seres humanos como um todo. Tendo uma abordagem sistemática, indo além da mera existência da patologia (VITELLI et. al, 2021). Deste modo o objetivo geral desse estudo é notabilizar a importância da atuação do profissional fisioterapeuta na atenção primária, na promoção de saúde e prevenção de doenças.