O USO DO CUFF LEAK TEST NO PROCESSO DE EXTUBAÇÃO. REVISÃO SISTEMÁTICA

Autores

  • Luana Dryer Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Barracão, PR, Brasil.
  • Jefferson Vieceli Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Barracão, PR, Brasil.
  • Bárbara Ramos de Lima

Resumo

: Os pacientes hospitalizados em Unidades de Terapia Intensiva, podem, em algum momento necessitar de via aérea avançada, a qual substitua ou auxilie a permeabilidade e ventilação. Sendo a ventilação mecânica invasiva (VMI) uma das intervenções mais eficazes, a intubação orotraqueal (IOT) é considerada como um dos principais procedimentos potencialmente salvadores de vida em pacientes críticos, entretanto deve-se iniciar o desmame o quanto antes após a causa subjacente ser tratada, estando o paciente em condições de assumir o controle de sua ventilação (Schimidt, 2016).

Como principais complicações decorrentes da intubação orotraqueal, estão descritas a intubação esofágica, levando o paciente a hipoxemia, hipercapnia e morte; intubação seletiva, a qual irá resultar em atelectasia do pulmão não ventilado ou barotrauma, trauma de vias aéreas superiores, coluna cervical, dentes, bem como arritmias cardíacas. Além disso ao causar danos a orofaringe, cordas vocais, laringe e traqueia, podem ocorrem complicações mais severas como o edema de laringe, tendo como sinal clínico o estridor laríngeo (LOPES, 2016).

A literatura indica que a incidência do estridor laríngeo é bastante variável, cerca de 3 a 54%, devido à heterogeneidade da população e das técnicas de avaliação dos estudos, sendo a maior complicação e causa mais comum de obstrução das vias aéreas, representada nas situações mais graves, cerca de 46% a 80% dos casos de reintubação orotraqueal (Re-IOT) (OCHOA, 2009; ELMER, 2015). Esta falha no processo de extubação está associada a um maior tempo de hospitalização, elevação dos custos em saúde, bem como piores desfechos clínicos, uma vez que pode aumentar em 50% o risco de morte. Indiscutivelmente, esforços devem ser concentrados com o intuito de maximizar as chances do sucesso no desmame da VMI (NEMER E BARBAS, et al., 2011). Para um desmame bem-sucedido, é de suma importância avaliar a ocorrência de complicações pós extubação, sendo o teste de permeabilidade das vias aéreas um dos mais citados, também conhecido como cuff leak test (CLT). Foi descrito na literatura primeiramente por Adderley e Mullins, em 1987, quando foi utilizado em crianças com crupe espasmótico, submetidas à VMI para prever o sucesso da extubação, através da avaliação da capacidade de tosse com o cuff desinsuflado, também descrito nas recomendações brasileiras de ventilação mecânica (BARBAS et al., 2014), e nas diretrizes da American Thoracic Society, tendo sua utilização em pacientes  que permaneciam por mais de 21 dias em VM, intubação traumática entre outros, devido aos mesmos apresentarem estridor laríngeo. O teste de permeabilidade consiste em medir o volume corrente expiratório através do tubo traqueal com o balonete insuflado e, a seguir, desinflar o balonete e medir novamente o volume corrente expiratório. Se houver escape aéreo em torno do tubo traqueal (definindo a existência de espaço entre o tubo e a via aérea), o volume corrente expiratório será menor que o volume corrente inspiratório, sugerindo menor chance de edema laríngeo e estridor após extubação (III consenso de ventilação mecânica, 2007). A forma de avaliação mais utilizada foi descrita por Muller e Cole (1996) com pequena diferença de parâmetros entre os pesquisadores, onde o paciente deve realizar satisfatoriamente um teste de autonomia em ventilação espontânea em Pressão Positiva Contínua das Vias Aéreas (CPAP) de 5 cmH2 O por duas horas, depois modificar para o modo assisto-controlado a volume (com volume-corrente inspirado a 10 mL/kg) e observado o volume-corrente (VC) expirado. Em seguida, desinflar totalmente o balonete e anotar a média dos três VC expirados mais baixos entre os seis primeiros ciclos respiratórios. O valor de escape é a diferença entre o volume inspirado e a média do volume expirado, e sua respectiva porcentagem, tendo como ponto de corte para o escape 12% ou 110 a 130 mL. Um número considerável de estudos sobre o CLT foram publicados, entretanto quando observadas as margens dos valores de corte, essas são muito variáveis. Uma vez que uma revisão sistemática apresenta um alto nível de evidência científica, buscou-se através desta, determinar as evidências do CLT para detectar a presença de complicações nas VAS em adultos críticos e necessidade de reintubação orotraqueal. Contudo, o entendimento sobre a aplicabilidade do CTL, sendo simples e de alta resolutividade, resultara no melhor desempenho de uma avaliação de teste de respiração espontânea e extubação, bem como auxiliando na identificação do indivíduo com maior risco de obstrução das vias aérea, obtendo assim um tratamento preventivo e efetivo. Desta forma, o objetivo deste estudo é, através de uma revisão de literatura, analisar a eficácia do cuff leak test no desmame e descontinuidade da ventilação mecânica, principalmente os seus efeitos na incidência de reintubação, bem como no edema de laringe.

Downloads

Publicado

2024-06-06

Edição

Seção

Resumo Expandido