ENTENDENDO O MECANISMO DE LESÃO POR CHOQUE ELÉTRICO: PERSPECTIVAS E INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS.
Resumo
O trauma elétrico, independentemente de sua magnitude, é uma condição séria que pode causar danos físicos e psicológicos significativos às vítimas. Distúrbios hidroeletrolíticos, infecções, dor, amputações, estresse e incapacidade de trabalho são frequentes em pacientes afetados por esse tipo de lesão (SOUZA et al.,2012). Um choque elétrico é o efeito fisiopatológico da corrente elétrica que percorre o corpo humano, afetando as funções musculares, circulatórias e respiratórias, podendo causar queimaduras graves. O grau de perigo para a vítima está relacionado à intensidade da corrente, às áreas do corpo percorridas pela corrente e à duração do fluxo de corrente (GEBRAN; RIZZATO, 2017). Conforme a definição de Barsano e Barbosa (2014, p. 53), o choque elétrico é a resposta fisiológica do organismo à corrente elétrica, podendo resultar em óbito ou, no mínimo, lesões corporais graves nas vítimas em situações extremas. Em relação às demais etiologias de queimaduras, o choque elétrico corresponde a aproximadamente 15% dos acidentes. Uma parcela considerável desse índice está associada a acidentes domésticos e no ambiente de trabalho, sendo predominantes as lesões graves causadas por alta voltagem. A literatura atual sustenta que há uma proporção significativamente maior de vítimas do sexo masculino, as quais frequentemente apresentam maior morbimortalidade, incluindo condições patológicas neurais e amputações (LIMA, et. al., 2008). Menos de 30% das vítimas de choque elétrico de alta voltagem apresentam reintegração às atividades cotidianas ou qualidade de vida igual ou superior ao período anterior ao acidente. A taxa média de mortalidade nos grandes centros urbanos é inferior a 15% (SOUZA, BASTOS, 2015). É crucial implementar precocemente a fisioterapia em indivíduos com queimaduras, pois desempenham um papel fundamental na adesão ao tratamento e na otimização dos desfechos a longo prazo. A inclusão da fisioterapia como componente integral dos cuidados desde o momento da admissão hospitalar é essencial para promover a aceitação e a continuidade dos cuidados em estágios posteriores, quando as contraturas já estão se desenvolvendo no organismo (CARDOSO et al., 2006).