O EFEITO PROZONA NO DIAGNOSTICO DA SIFILIS PELO MÉTODO VDRL
Palavras-chave:
VDRL, Efeito prozona, Falso-negativo, sífilisResumo
Introdução: A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica causada pela bactéria Treponema Pallidum, classificada em quatro estágios: latente, primário, secundário e terciário que pode ser prevenida e, quando não tratada precocemente, pode evoluir para um quadro crônico com sequelas irreversíveis. Um dos métodos mais utilizados para diagnóstico da sífilis é o VDRL (Veneral Diseases Research Laboratory), capaz de detectar anticorpos inespecíficos ou reaginas, presentes no soro do paciente¹. A maior importância clínica desse teste é a capacidade de triagem sorológica da sífilis, uma vez que exceto à fase imediata ao contágio, as demais fases da sífilis produzem reaginas. O princípio do teste consiste na utilização de um antígeno constituído de lecitina, colesterol e cardiolipina (antígenos não treponêmicos). A amostra positiva, quando em contato com a suspensão antigênica de VDRL, e submetida a um processo de rotação mecânica por um determinado período de tempo, é capaz de produzir uma reação de floculação, visível ao microscópio². Objetivo: Revisar na literatura a ocorrência do efeito prozona no método VDRL. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica descritiva, onde foram realizadas buscas nos portais Pubmed, Lilacs e Periódicos Capes, utilizando os descritores “efeito prozona”, “VDRL” e “diagnóstico da sífilis”, publicados em língua inglesa e portuguesa. Foram selecionados seis artigos que mais se adequaram à temática proposta. Resultados e Discussão: Em um estudo realizado com um paciente soropositivo que teve o diagnóstico de sífilis retardado pelo efeito prozona, foi observado que o funcionamento anormal da células B na fase inicial do HIV levam a uma produção aumentada de anticorpos em resposta a determinado antígeno, o que contribui para o efeito prozona³. Outro estudo realizado no sul do Brasil onde foram analisadas 2018 amostras pelo método VDRL após a confirmação da sífilis pelo método Imunoblot mostrou que principalmente na fase secundária da sífilis pode ocorrer o efeito prozona devido a elevada produção de anticorpos no soro não diluído do paciente, esse efeito pode ocorrer em cerca de 1% dos pacientes. Nas amostras analisadas neste estudo não foi constatado efeito prozona⁴. Estudo de caso realizado em uma gestante a qual apresentava na genitália lesões papulosas indolores, com superfície lisa, em regiões perineal e vulvar, características de sifílides, o método VDRL apresentou efeito prozona, com soro puro foi negativo, positivando após a diluição até 1/128⁵. Um caso de sífilis congênita em uma criança de 46 dias com aparecimento de manchas avermelhadas por todo corpo após o parto, com sorologia para sífilis da mãe pelo método VDRL negativa, mas relatado que o parceiro da genitora foi diagnosticado com sífilis e não realizou tratamento, a criança foi submetida a exames os quais revelaram VDRL reagente no sangue 1:16⁶. Conclusão: O efeito prozona ocorre devido ao excesso de anticorpos produzidos em resposta a infecção da sífilis. Por ocorrer com baixa frequência, considera-se que a diluição das amostras em busca do efeito prozona é trabalhosa e pouco efetiva, devendo ser feita em casos os quais geralmente são mais acometidos como em gestantes e portadores de HIV.