PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES ORAIS EM PACIENTES ONCOLÓGICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Autores

  • Marcela Schuster Siqueira Centro Universitário FAI
  • Thaís Bisolo
  • Paola Spessato
  • Mara Luiza Pilz Maldaner
  • Fernanda Cidade
  • Marina Jung
  • Daniel Bergonci
  • Vanessa Giacolli

Resumo

Introdução: O câncer pode ser definido como um crescimento desordenado e acelerado de células, inclusive após a retirada do fator causal, caracterizando assim as neoplasias malignas, as quais podem afetar outros órgãos e tecidos através da corrente sanguínea que são conhecidas como metástases1. O tratamento para o câncer envolve cirurgias que consistem na remoção do tecido, já as modalidades de quimioterapia e radioterapia, agem na destruição das células cancerígenas, que acabam afetando as células sadias trazendo consequências para o indivíduo e sua cavidade bucal2. Dentre as manifestações bucais que acometem os pacientes em tratamento oncológico, destacam-se a mucosite, xerostomia, cáries de radiação, osteoradionecrose, candidíase, e demais infecções bacterinas e virais3. Na literatura são encontradas medidas preventivas a fim de atenuar os efeitos colaterais em pacientes oncológicos submetidos ao tratamento antineoplásico2. Objetivo: O presente estudo tem como propósito realizar uma revisão de literatura a respeito das principais manifestações orais em pacientes oncológicos. É papel do cirurgião dentista detectar, acompanhar, e amenizar os sintomas do acometimento bucal do paciente durante o tratamento, buscando dessa forma melhorar a qualidade de vida do mesmo.Métodologia: Para realização dessa revisão de literatura foi efetuada uma busca no ano de 2023, nas bases científicas PubMed, SciELO, e Google Acadêmico. Utilizou-se como estratégia de busca artigos em português e inglês, considerando as seguintes palavras-chave: mucosite; câncer; radioterapia; quimioterapia. Ao todo foram selecionados 06 (seis) artigos, utilizando como critérios de inclusão artigos escritos entre os anos 1999 e 2021. Resultados: A cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são as formas de tratamento mais utilizadas no controle de doenças oncológicas, a sua escolha depende do estágio da doença4, tumores maiores e em estágios mais avançados requerem um tratamento mais agressivo, e consequentemente com mais complicações5. A magnitude dos efeitos dos tratamentos antineoplásicos depende do tratamento de escolha. Os tecidos afetados pela radiação ionizante em doses elevadas tendem a ser irreversíveis5, já na quimioterapia, os efeitos adversos só ocorrem quando o paciente encontra-se mielossupremido, o qual tende voltar ao normal após esse período2. Quando o paciente irá passar pelo tratamento de quimioterapia, é necessário que ele esteja livre de focos infecciosos e dor, para fim de minimizar a infecção local e bacteremia5. As principais manifestações bucais em pacientes oncológicos são: mucosite, xerostomia, osteoradionecrose, disgeusia, trismo, candidíase e cáries. A primeira consiste em lesões ulcerativas e dolorosas, normalmente localizadas no palato mole, mucosa bucal, ventre de língua e assoalho bucal. O período de manifestação varia de cinco a sete dias após o começo do tratamento 2. A xerostomia, também conhecida como boca seca, se trata de um efeito secundária ao tratamento antineoplásico, no qual ocorre a diminuição da produção de saliva, bem como de sua qualidade2,6. A Osteoradionecrose é uma complicação severa causada pela irradiação, a qual afeta vascularização, nutrição e células de defesa de forma irreversível, tendo característica de destruir o tecido que recobre o osso2,5. Disgeusia é a diminuição da sensação do paladar ou até mesmo a perda completa. A quimioterapia promove citotoxicidade nas papilas e a reversibilidade varia conforme o paciente, em alguns o retorno é gradativo, e em outros pode ser permanente6. O trismo é um dos efeitos coletarias da radioterapia, configurando-se como uma limitação na abertura bucal, como resultado do inchaço, dos danos celulares e da fibrose do tecido muscular. O trismo dificulta a higienização do paciente e a alimentação, por conta do desconforto e dor, também pode afetar a fala e a aparência facial em casos mais severos2. Das infecções oportunistas, a mais comum  e frequente é a candidíase que é uma infecção fúngica, proveniente do fungo Albicans, que está presente na microbiota da mucosa bucal. A candidíase se manifesta de diversas formas, como: placas pseudomembranosas esbranquiçadas, áreas eritematosas, atrofia crônica e queilite angular. Para a prevenção da candidíase a maneira mais eficaz é uma higiene oral rigorosa, orientada pelo cirurgião dentista6,2,5. As cáries por irradiação acometem também pacientes que apresentam baixa taxa de desenvolver cárie, os quais podem  desenvolver a doença em vários graus devido a irradiação. Ela modifica estruturas orgânicas e inorgânicas dentais, o fluxo salivar e a qualidade da saliva2,6. Foi observada uma maior ocorrência de manifestações em pacientes que são submetidos a quimioterapia e radioterapia, do que os pacientes que são submetidos à apenas uma destas3. Conclusão: Em síntese, entende-se que é de suma importância a atuação do cirurgião dentista em uma equipe multidisciplinar para prevenção de agravos na saúde bucal dos pacientes submetidos a tratamento oncológico. Uma vez que, através de um protocolo que antecede o tratamento oncológico, é possível prevenir as manifestações orais e tratá-las, amenizando complicações orais ao longo do tratamento. Ainda, motivar o paciente na busca de uma saúde bucal satisfatória, implica em uma melhor qualidade de vida do mesmo.

 

Palavras-chave: manifestações bucais; neoplasias; radioterapia; quimioterapia.

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Publicado

2023-06-21

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Seção

Eventos