SINTOMAS DEPRESSIVOS E SUA INFLUÊNCIA NA AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM IDOSOS BRASILEIROS: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Resumo
Introdução: O envelhecimento populacional é uma realidade mundial diretamente relacionada ao aumento da expectativa de vida e diminuição das taxas de mortalidade e fecundidade. Além disso, representa o acúmulo de alterações corporais ao longo do tempo1. Consequentemente, é comumente acompanhado pelo aumento de doenças crônicas2 o que merece consideração especial de profissionais de saúde, pois podem potencialmente afetar a qualidade de vida dos idosos, além de aumentar os custos dos sistemas de saúde3. Entre as doenças crônicas mais relevantes da atualidade, os transtornos mentais merecem nossa atenção, com destaque para a depressão4. Em particular, os transtornos mentais, incluindo depressão, são uma grande preocupação para a saúde pública, devido ao seu impacto negativo na qualidade de vida e nos custos de saúde5. A depressão é caracterizada por pessimismo, tristeza, perda de interesse em realizar as atividades diárias6 e pode limitar gravemente o funcionamento psicossocial4. É também uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo, classificada como a terceira principal causa de incapacidade segundo a Global Burden of Disease Study realizado em 20157. Além disso, a depressão é um importante fator de risco para obesidade, distúrbios do sono, doenças cardíacas, dor crônica e outras doenças crônicas4, 8-11. Juntamente com as condições gerais, as doenças bucais também têm sido associadas à depressão15-17. Objetivo: Revisar a literatura quanto à influência dos sintomas depressivos e a saúde bucal autorreferida em indivíduos com 60 anos ou mais velhos no Brasil. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura realizada nas bases PubMed e SciELO. Utilizaram-se artigos em português e inglês, considerando as seguintes palavras chaves: autopercepção, sintomas depressivos, saúde bucal, Self perception, Depressive Symptoms, Oral Health. Foram encontrados 147 artigos. Após análise dos trabalhos encontrados, foram selecionados estudos condizentes com os critérios de inclusão. Ano de publicação, artigos escritos no ano de 2002-2019, objetivo de estudo e metodologia. Dos indicadores listados acima, dezessete colaboraram com o objetivo desta revisão de literatura. Resultados: Os achados deste estudo vão ao encontro da literatura prévia e sugerem que há uma influência positiva entre a depressão e a melhor autopercepção de saúde bucal. A baixa satisfação à vida provoca sentimentos mais negativos em indivíduos que possuem problemas bucais. Fatores esses que estão associados aos problemas próprios deste ciclo da vida, muitas vezes provocados pelo fato dessa população se sentirem excluídas em alguns ambientes sociais, por não apresentar alguns elementos dentários em boca ou até mesmo apresentar dor nos elementos existentes, ocasionando uma restrição na alimentação e distanciamento no convívio social. Dentre vários fatores a depressão pode relacionar-se também, principalmente com as condições sociodemográficas dos indivíduos. Historicamente, os serviços de saúde bucais não possuem como prioridade esse grupo populacional, o fato do número de idosos brasileiros ter aumentado não mostra que essa mesma evolução ocorreu na necessidade de atendimento de serviços odontológicos para esse grupo populacional, a baixa escolaridade, a baixa renda e a escassez na oferta de serviços odontológicos são fatores que estão associados ao baixo uso de serviços dessa população. Reforçando assim, a hipótese deste estudo de que a população idosa com mais sintomas depressivos possui uma autopercepção de saúde bucal ruim e utilize menos os
serviços odontológicos. Conclusão: Levando em consideração esses aspectos, é de grande valia que sejam acrescentadas ações de saúde bucal na população idosa, que crie politicas de integração e participação dos idosos na comunidade, condizente com a Politica Nacional do Idoso do Brasil. O acesso aos serviços odontológicos deve ser aplicado principalmente aos grupos que não possuem condições de ter planos de saúde e nem acesso a consultórios particulares, sendo socialmente excluídos. Deste modo, revelando a importância de abordagens multiprofissionais e que não foquem apenas na saúde bucal, mas no individuo como um todo podendo destacar que o processo de envelhecimento em conjunto com as doenças comumente encontradas na terceira idade pode aumentar o diagnóstico de depressão.
Palavras-chave: Envelhecimento; Autopercepção; Saúde Bucal; Depressão.