ANOMALIA DE MAY-HEGGLIN

Autores

  • Nicole Panosso Unidade Central de Educação FAI Faculdades-UCEFF/Frederico Westphalen, RS, Brasil.
  • Daniel dos Reis Sant´´ anna Unidade Central de Educação FAI Faculdades-UCEFF/Frederico Westphalen, RS, Brasil.

Palavras-chave:

Hemograma, Alterações hematológicas, Anomalia

Resumo

Introdução: A anomalia de May-Hegglin (MHA) é uma condição genética autossômica dominante rara, com menos de 100 casos relatados na literatura, e que se manifesta devido a uma mutação no gene MYH9 do cromossomo 22q12-13, causando trombocitopenia variável, formação de macroplaquetas e inclusões leucocitárias. Os aspectos clínicos da doença são caracterizados principalmente por episódios hemorrágicos de gravidades variadas, epistaxe, sangramento gengival, observação de hematomas de surgimento frequente, menorragia e sangramento pós-operatório1,2. Objetivo: Relatar os principais aspectos relacionados à anomalia de May-Hegglin. Método: Trata-se de uma revisão descritiva de literatura, em que as buscas foram realizadas nos bancos de dados Google Acadêmico e Pubmed, utilizando os descritores “anomalia de May-Hegglin”, “alterações hematológicas” e “hemograma” para encontrar artigos publicados em português e inglês. Foram selecionados 4 artigos que mais se adequaram ao tema proposto. Resultados e Discussão: O gene MYH9, localizado no cromossomo 22q12-13, codifica a cadeia não pesada da miosina não muscular do tipo IIA (NMMHC-IIA), que está envolvida no processo de contração do citoesqueleto das plaquetas, na secreção de grânulos e em vias de sinalização. Essa mutação gênica causa a produção anormal de NMMHC-IIA e a consequente alteração do citoesqueleto, impossibilitando a reorganização da estrutura plaquetária. Assim, há a ocorrência de macrotrombocitopenia secundária decorrente de um defeito da fragmentação do megacariócito e da maturação celular1,3. A observação de inclusões de formato fusiforme e de coloração azul-púrpura clara no citoplasma de neutrófilos, semelhantes a corpúsculos de Döhle, auxilia no diagnóstico dessa condição. Podem ser encontradas também em eosinófilos, basófilos e monócitos, e ao contrário dos corpúsculos de Döhle situados perifericamente na linhagem neutrofílica, podem localizar-se dispersas no citoplasma dos leucócitos3. Essas inclusões são formadas por conta da agregação da proteína miosina IIA não muscular, RNA mensageiro do gene MYH9 e conjuntos de ribossomos, formando complexos ribonucleotídeo-proteína no citoplasma4. A contagem de plaquetas é variável, tendo relatos de números inferiores a 50.000/mm3 até valores mais elevados para o contexto da doença, de cerca de 100.000/mm3 nos casos de pacientes considerados assintomáticos4. Assim, o tempo de sangramento é prolongado de acordo com o grau da trombocitopenia1. Recomenda-se a contagem plaquetária manual, uma vez que a contagem automatizada pode ser realizada de forma equivocada pelos equipamentos devido à semelhança das macroplaquetas com leucócitos ou hemácias para os sistemas operacionais4. Em casos sem observação de macroplaquetas, métodos com maior sensibilidade podem ser utilizados, como a imunofluorescência – que detecta os agregados anormais de NMMHC-IIA nos leucócitos e possibilita a classificação das inclusões em tipo I, II ou III, de acordo com suas características morfológicas, ou testes moleculares do gene MYH9 – preferencialmente por meio do sequenciamento de nova geração (NGS),  para confirmar o diagnóstico mutacional do gene e avaliar o risco da ocorrência de manifestações extra-hematopoiéticas3,4. Conclusão: A anomalia de May-Hegglin deve ser suspeitada sempre que um paciente apresentar baixa contagem plaquetária, presença de macroplaquetas e de inclusões em células do sangue periférico, portanto, a realização de exames hematológicos é de extrema importância. 

Palavras-chave: “anomalia de May-Hegglin”, “alterações hematológicas” e “hemograma”.

Referências

Untanu RV, Vajpayee N. May-Hegglin Anomaly. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; Jan 2025-. Última atualização em 2023 Jul 17 [cited 2025 Ago 17]. ID da estante: NBK441952. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441952/.

Fátima S. May Hegglin Anomaly: Rare Entity with Review of Literature. Indian J Hematol Blood Transfus [Internet]. 2011 Jun 28 [cited 2025 Ago 17]; 28(1):58–60. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s12288-011-0093-z.

Tazegul G et al. Macrothrombocytopenia and leukocyte inclusions: May-Hegglin anomaly. J Hematophatol [Internet]. 2022 Mar 30 [cited 2025 Ago 17]; 15: 111-112. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s12308-022-00489-5.

Ruhoy SM, Yates Amanda. Macrothrombocytopenia With Döhle Body-Like Granulocyte Inclusions: A Case Report of May-Hegglin Anomaly in a 33-Year-Old White Woman With an Update on the Molecular Findings of MYH9-Related Disease. Laboratory Medicine [Internet]. 2016 Ago [cited 2025 Ago 20]; 47(3): 246-250. Disponível em: https://doi.org/10.1093/labmed/lmw033.

Downloads

Publicado

2025-12-20

Edição

Seção

Resumo Expandido/Resumos