Resumo
O patrimônio cultural representa um componente essencial na construção da memória coletiva e na configuração simbólica do espaço urbano, manifestando-se em suas dimensões material e imaterial, e conectando relações sociais ao espaço onde ocorrem. Na contemporaneidade, o patrimônio enfrenta múltiplos desafios, decorrentes de fenômenos como especulação imobiliária, turistificação, expulsão de moradores e a crescente vulnerabilidade diante da crise climática, em diferentes escalas. Essas problemáticas impõem novas exigências aos processos de preservação e valorização. Este artigo tem como objetivo analisar as interfaces entre patrimônio cultural, memória e espaço urbano, evidenciando os principais desafios atuais e apontando possíveis caminhos para uma integração mais efetiva entre essas dimensões. Ressalta-se o papel do patrimônio como elemento estruturante da memória coletiva e do senso de pertencimento comunitário, considerando também como a percepção e experiência sensorial dos usuários, discutidas na neuroarquitetura e no neurourbanismo, podem influenciar vínculos afetivos e a ressignificação do espaço. A pesquisa adota abordagem qualitativa, de caráter teórico e analítico, fundamentada em revisão bibliográfica e discussão de exemplos ilustrativos. Os resultados indicam que o patrimônio pode constituir-se em instrumento de fortalecimento da memória e da identidade coletiva. Contudo, enfatiza-se a necessidade de estratégias participativas e preventivas de preservação, capazes de enfrentar pressões contemporâneas. Conclui-se que o enfrentamento desses desafios e o engajamento das comunidades são fundamentais para a sustentabilidade cultural e para a ressignificação do espaço urbano no contexto atual.