OCORRÊNCIA DE DOENÇAS AUTOIMUNES EM PACIENTES PÓS (COVID-19)

Autores

  • Eduarda Cichelero Barcarolo Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Itapiranga, SC, Brasil.
  • Liziara Fraporti Unidade Central de Educação FAI Faculdades – UCEFF/ Itapiranga, SC, Brasil.
  • Fernanda Pilatti
  • Franciele Martini

Palavras-chave:

doença autoimune, covid-19, citocinas, autoanticorpos, resposta inflamat´ória

Resumo

Introdução: Um grupo de pesquisadores da Universidade de Rockfeller, em Nova York, evidenciou a incidência de autoanticorpos em pacientes gravemente acometidos por COVID-19. A partir deste achado, os pesquisadores concluíram que o agravo nos quadros da infecção por SARS-CoV-2 pode ter se dado pela preexistência destes autoanticorpos. Objetivo: Expor discussões acerca do surgimento de doenças autoimunes como sequelas de COVID-19. Método: O presente trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica, com método qualitativo, por meio de pesquisa aos principais bancos de periódicos disponíveis online, Google acadêmico, Pubmed, Scielo e revistas científicas. Resultados e Discussão: Ao deparar-se com um grupo de acometidos por COVID-19 que apresentavam autoanticorpos, os pesquisadores da Universidade de Rockfeller, em Nova York, realizaram testes sanguíneos em um intervalo de dois meses e encontraram cerca de 15 variedades de autoanticorpos, que possuíam capacidade para atacar proteínas presentes no organismo dos pacientes. Os anticorpos são proteínas que surgem no organismo humano como defensores no sistema imunológico, produzidos por plasmócitos a partir da diferenciação de Linfócitos B, e neste caso, atuam no corpo como parte da imunidade adaptativa, apresentando memória e especificidade contra invasores do organismo. Os anticorpos possuem a capacidade de diferenciar as proteínas do próprio corpo em detrimento das proteínas de corpos estranhos, porém, por vezes, este sistema de diferenciação falha e surgem os autoanticorpos, que reagem contra proteínas e tecidos do próprio organismo, ocasionando doenças como lúpus, artrite reumatoide, diabetes tipo I e esclerose múltipla. Do grupo pesquisado pelos cientistas de Rockfeller, cerca de 50% possuíam autoanticorpos, sendo que em alguns desses pacientes, os autoanticorpos apareciam marcando até mesmo células sanguíneas e proteínas associadas com o sistema nervoso central como alvos, o que levou a conclusão de que, por conta do COVID-19, a resposta e circulação de citocinas fora tão intensa que o organismo humano acabou por lutar contra si mesmo (Chang, et al., 2021). Apesar de doenças reumatológicas em relação ao COVID-19 não estarem amplamente descritas na literatura atualmente (Zhou, Y., et al, 2020), outros fenômenos como anemia hemolítica autoimune já aparecem descritas (Renganathan, V., et al.), além da síndrome de Guillain-Barré (Alberti, P., et al, 2020 e Mao, L., et al, 2020), que a longo prazo pode vir a causar uma paralisia. Conclusão: No tocante à patogênese do COVID-19, encontram-se várias semelhanças com doenças autoimunes, e uma vez que agredida a célula do organismo e exposto seu DNA, torna-se muito provável que um anticorpo próprio o encontre e ataque em meio à tempestade de citocinas. Reações semelhantes costumam acontecer em infecções virais agressivas, como a Zika Vírus (Alberti, P., et al, 2020), mas para ter um veredito sobre a ligação direta de doenças autoimunes, como sequelas de COVID-19, cabe à comunidade cientifica, através da detecção facilitada de autoanticorpos, realizar mais pesquisas acerca disto.

Palavras-chave: doença autoimune, COVID-19, citocinas, autoanticorpos, resposta inflamatória.

 

REFERÊNCIAS

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Publicado

2023-03-10

Edição

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Eventos