Resumo
INTRODUÇÃO: As doenças renais crônicas (DRC) são comuns em gatos domésticos de todas as idades, apesar de acometerem mais adultos e idosos podendo, nessa categoria chegar, em até 50% dos casos e ser uma das principais causas de morte ou eutanásia em felinos. A DRC se caracteriza pela deficiência estrutural ou funcional dos rins que perdura por três meses ou mais, acompanhada da perda gradual do número de néfrons funcionais. Alguns animais com DRC morrem após meses, enquanto outros conseguem permanecer estáveis por anos. OBJETIVO: Relatar um caso de felino macho com azotemia pós-renal confirmada através do aumento de enzimas. MÉTODOS: Foi atendido em uma clínica na cidade de Pinhalzinho/SC, um felino, macho inteiro, sem raça definida, com 1 ano de idade, pesando 3,410 kg e sem vacinas. No exame físico e na anamnese se observou uma infestação de pulgas\ovos, sangue na região do focinho e um odor fétido oriundo da boca. A proprietária relatou que achava que ele poderia estar engasgado, por ter comido um espinho de peixe e apresentar náuseas. No exame clínico se constatou arritmia cardíaca, ausência de alteração na ausculta pulmonar, mucosas pálidas, na palpação abdominal algia e bexiga tensa e repleta, anúria, hipotermia (36,4ºC), tempo de preenchimento capilar (TPC) 4 segundos e desidratação de 10-12%. A seguir, realizou-se coleta de sangue para hemograma e bioquímico. RESULTADOS: Com os resultados do exame clínico e complementar se concedeu o diagnóstico de uremia/azotemia pós-renal em decorrência da obstrução do trato urinário inferior (ureteres, vesículas urinárias e uretra), assim resultando no acúmulo de toxinas urêmicas na circulação; esse acúmulo se constatou com as alterações bioquímicas, metabólicas e endócrinas, sendo de caráter progressivo e irreversível. Os resultados no bioquímico apresentaram ureia 302 mg/dL (10-30 mg/dL), creatinina 60 mg/dL (0,3 – 2,1 mg/dL), glicose 167 mg/dL (70- 150 mg/dL), além de uma trombocitopenia e linfocitopenia. Por se tratar de uma doença progressiva e irreversível, o objetivo do tratamento da DRC é o retardo na progressão da doença, aumento do tempo de sobrevivência e qualidade de vida, por isso recomendou-se a desobstrução renal. Para desobstrução realizou-se uma sedação composta por metadona (0,3 mg/kg, IM), dexmedetomidina (2,5 mg/kg, IM) e, a seguir com o auxílio de uma sonda de 4 mm, desobstrui a bexiga, sendo que o animal não permaneceu sondado. Normalmente, nas fases finais da DRC não é utilizado tratamento em decorrência do prognóstico desfavorável, somente nas fases mais iniciais da doença é recomendado o tratamento à base de dieta renal, controle de náuseas, vômitos e fluidoterapia. Infelizmente, na madrugada do mesmo dia, o paciente não resistiu e veio a óbito, em decorrência da ruptura de bexiga, por não ter permanecido sondado. CONCLUSÃO: Concluiu-se que com os exames clínicos e sanguíneos pode-se ter um diagnóstico conclusivo. Infelizmente, em decorrência do grau avançado da enfermidade, o animal não resistiu.