Resumo
A córnea é a estrutura ocular responsável pela refração, por onde ocorre a penetração da luz, sendo composta pelo epitélio, estroma, membrana de Descemet e endotélio. Diferentes afecções podem acomete-la, quando algumas são restritas a determinadas espécies, como ocorre com o desenvolvimento da ceratoconjuntivite proliferativa felina (CCPF) ou também conhecida por ceratite eosinofília felina. Nessa afecção, os felinos acometidos demonstram a formação de membrana branca-rosada, vascularizada e irregular, entre o limbo nasal e temporal, atingindo a córnea periférica e podendo chegar até a conjuntiva bulbar. Sua causa ainda é incerta, no entanto, parece ter relação com herpes vírus felino (FHV-1). Assim, o objetivo desse trabalho é o relato de um caso de CCPF, em felino, macho, atendido após tratamentos anteriores, demonstrando, em olho esquerdo, sinais clínicos característicos como inflamação e membrana proliferativa em superfície corneana, procedendo-se dessa forma, com citologia corneana, a qual apontou resultado compatível com CCPF, instituindo-se tratamento tópico com a utilização de dexametasona (TID), substituto de lágrima (QID) e ciclosporina 0,5% (TID), durante 15 dias. Ao retornar, o paciente apresentou melhora do quadro, mantendo-se o tratamento anterior, pelo mesmo período, com redução da frequência de dexametasona (BID). Decorridos 30 dias do atendimento inicial, procedeu-se a alta médica, dada a resolução da alteração. É possível concluir que a CCPF é uma afecção corneana de grande incidência na clínica oftálmica de felinos, quando seu diagnóstico e tratamento devem ser instituídos o mais brevemente possível, resultando em sucesso terapêutico e manutenção da capacidade visual e qualidade de vida do paciente.
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