v. 2 (2023)
Artigos

AGRONEGÓCIO E GÊNERO: A CATEGORIA FEMININA NA OPERACIONALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES RURAIS

Neuri Antonio Feldmann
Uceff
Angélica Chini
UNIDADE CENTRAL DE EDUCAÇÃO FAI FACULDADES - UCEFF
Silmara Patrícia Cassol
UNIDADE CENTRAL DE EDUCAÇÃO FAI FACULDADES - UCEFF

Publicado 05/05/2023

Resumo

A força feminina se faz presente no agronegócio. Até pouco tempo, a figura feminina era associada às atividades domésticas e a criação dos filhos, as chamadas atividades “reprodutivas”. A busca pelo protagonismo desprende a mulher das atividades domésticas para assumir papel e tarefas ligadas à gestão e à operacionalização das atividades rurais. No entanto, estudos que posicionem a real participação da mulher no agronegócio e seus desafios, são escassos. Neste sentido, o presente trabalho objetiva identificar e analisar os principais desafios da mulher na operacionalização da propriedade rural no município de Palmitos – SC. Busca-se também, analisar como é realizada a gestão e a participação da mulher e identificar e caracterizar o perfil das mulheres do agronegócio. Em síntese, 85,8% das mulheres têm entre 31 e 60 anos, mais de 80% delas é casada. A maioria delas têm o ensino fundamental completo e 28,3% têm o ensino médio. Os resultados mostraram que 92,5% dos estabelecimentos pertencem à família e, que são propriedades consideradas de pequeno porte. As mulheres estão presentes na operacionalização das atividades na propriedade, mas no processo decisório se pode notar que elas decidem a maior parte em conjunto, seja com familiares ou técnicos. As mulheres destacaram que as principais dificuldades estão relacionadas com a resistência dos homens, abertura para novas ferramentas de gestão, ausência de políticas públicas e capacidade de negociação.  A pesquisa evidenciou que diversas barreiras precisam ser superadas e que as mulheres estão em processo de conquista de seu espaço na sociedade.

Referências

  1. ABAG. Perfil Todas as Mulheres do Agronegócio Brasileiro: Sumário Executivo 2017. Disponível em: https://abag.com.br/categoria/ieag/pesquisas/. Acesso em: 06 jun. 2022.
  2. ADRIANE, R. Mulher Gestora: Seja Atraente 2017. Disponível em: https://aempreendedora.com.br/mulher-gestora-seja-atraente/. Online, 2017. Acesso em: 27 maio. 2022.
  3. AGROLIGADAS. Elas fazendo a história. Pesquisa sobre a participação feminina no agronegócio brasileiro. 2022. Disponível em: https://abag.com.br/wp-content/uploads/2022/03/Ebook_Agroligadas_final.pdf. Acesso em: 02 junho. 2022.
  4. ANNES, A.; WRIGHT, W.; LARKINS, M. ‘A Woman in Charge of a Farm’: French Women Farmers Challenge Hegemonic Femininity. European Society for Rural Sociology, 2020.
  5. ANTHOPOULOU, T. Rural women in local agrofood production: Between entrepreneurial initiatives and family strategies. A case study in Greece. Journal of Rural Studies. v. 26, p. 394-403, 2010.
  6. AUAD, D. Feminismo: que história é essa? Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
  7. BALL, J. A. Women farmers in developed countries: a literature review. Agriculture and Human Values. v. 37, p.147–160, 2020.
  8. BARROS, G. S. C.; CASTRO, N. R.; GILIO, L.; SOUZA JUNIOR, M. L.; MORAIS, A. C. P.; ALMEIDA, A. N. Mulheres no Agronegócio. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Piracicaba, v.1, n.1, 2018.
  9. BONI, Valdete; QUARESMA, Sílvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese, Vol. 2, n.° 1, p. 68-80, 2005.
  10. BORGES, G. R.; BEURON, T. A.; NOTARI, M. B.; REZENA, G. V. A existência de preconceito de sexo no trabalho: uma Abordagem com trabalhadoras no agronegócio. Gênero. v. 21, n. 2, p. 47-65, 2021.
  11. BRUMER, A. Gênero e agricultura: a situação da mulher na agricultura do Rio Grande do Sul. Estudos Feministas, v. 12, n. 1, p. 205 – 227, 2004.
  12. CASTRO, N. R.; SOUZA JUNIOR, M. L.; MORAIS, A. C. P.; GILIO, L.; BARROS, G. S.; ALMEIDA, A. N. Participação feminina e diferenciais de rendimento no mercado de trabalho do agronegócio. Economia Aplicada. v.26, n.1, p. 55-80, 2022.
  13. CEPEA. Mulheres no agronegócio. 2018. Disponível em www.cepea.esalq.usp.br. Acesso em: 23 maio. 2022.
  14. CIELO, I. D.; WENNINGKAMP, K. R.; SCHMIDT, C. M. A Participação Feminina no Agronegócio: O Caso da Coopavel – Cooperativa Agroindustrial de Cascavel. Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe). v. 12, n.1, 2014.
  15. CUNHA, J. I. C.; CONCEIÇÃO, A. F.; FREITAS, A. F.; SCHNEIDER, S. O meio rural e a utilização das tic: reflexões a partir da pesquisa produtor rural SEBRAE 2017. Brazilian Journal of Development. v.8, n.1, p. 4419-4432, 2022.
  16. CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Boletim da Agricultura Familiar. Brasília, DF, v. 2, n. 1, março. 2022.
  17. COSTA, E. R.; DIAS, A. B. As relações de gênero na política nacional de assistência técnica e extensão rural: uma análise a partir da equipe técnica. Cadernos de gênero e diversidade. v. 7, n. 2, 2021.
  18. DIAS, L. G. Liderança feminina no agronegócio: principais desafios enfrentados pelas mulheres gestoras. 2008. Trabalho (Bacharelado em Administração) – Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, 2008.
  19. DIAZ, R. T.; OSORIO, D. P.; HERNÁNDEZ, E. M.; PALLARES, M. M.; CANALES, F. A.; PATERNINA, A. C.; ECHEVERRÍA-GONZÁLEZ, A. Socioeconomic determinants that influence the agricultural practices of small farm families in northern Colombia. Journal of the Saudi Society of Agricultural Sciences, 2021.
  20. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Módulos Fiscais. 2012. Disponível em: https://www.embrapa.br/codigo-florestal/area-de-reserva-legal-arl/modulo-fiscal. Acesso em: 06 nov. 2022.
  21. FAO. The State of Food and Agriculture 2021. Making agrifood systems more resilient to shocks and stresses. 2021. Rome, FAO. Disponível em: https://doi.org/10.4060/cb4476en. Acesso em: 15 jun. 2022.
  22. FANTIM, T. A importância do empoderamento feminino para o agronegócio. Agroblog. 2022. Disponível em: https://agrosmart.com.br/blog/a-importancia-do-empoderamento-feminino-para-o-agronegocio/. Acesso em: 23 maio 2022.
  23. FIELDVIEW. Mulheres na agricultura: 15 profissionais exemplares do agro. 2022. Disponível em: https://blog.climatefieldview.com.br/mulheres-na-agricultura. Acesso em: 26 maio 2022.
  24. FIGUEIREDO, M. G.; DINIZ, G. R. S. Mulheres, casamento e carreira: um olhar sob a perspectiva sistêmica feminista. Nova Perspectiva Sistêmica. n. 60, p. 100-119, 2018.
  25. GLAZEBROOK, T.; NOLL, S.; OPOKU, E. Gender Matters: Climate Change, Gender Bias, and Women’s Farming in the Global South and North. Agriculture. v. 10, n. 267, 2020.
  26. GUARALDO, M. C. Mapa, Embrapa e IBGE apresentam os dados sobre mulheres rurais. Embrapa, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br. Acesso em: 22 maio. 2022.
  27. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
  28. GUEDES, E. F. Gênero, o que é isso? Psicol. cienc. prof. v. 15, p. 1-3. 1995. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-98931995000100002. Acesso em: 15 maio 2022.
  29. HEREDIA, B. M. A.; CINTRÃO. R. P. Gênero e acesso a políticas públicas no meio rural brasileiro. Revista NERA, n. 8, p.1-28, 2006.
  30. IBGE. Estatísticas 2021 população rural município de Palmitos-SC. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/downloads-estatisticas.html. Acesso em: 23 nov 2022.
  31. MARCONI, M. A.; LAKATOS E. M. Técnicas de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
  32. MENEZES, R. S. S.; SILVA, F. D. Trabalho e identidades de gênero de gestoras de organizações do agronegócio em Minas Gerais. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, v. 3, n. 2, p. 127-144, 2016.
  33. MOREIRA, R. O. O mundo como ele é: sistemas econômicos e ideologias. Porto Alegre: 2022.
  34. NEVES, A. P. V. Participação da mulher na tomada de decisão na pecuária de corte. 2021. Dissertação (mestrado), Centro de Ciências Rurais, Programa de Pós Graduação em Extensão Rural, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), Santa Maria, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/21653. Acesso em: 02 nov.2022.
  35. OLIVEIRA, G. N. et al. Perfil Socioeconômico do Município de Palmitos/SC: uma contribuição para o Planejamento do Desenvolvimento Local. Palmeira das Missões/RS, 2019.
  36. PINTO, S. M. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas. 2012.
  37. RAMOS, C. P. Mulheres rurais atuando no fortalecimento da agricultura familiar local. Revista Gênero, v. 15, n. 1, p. 29-46. 2014.
  38. RIBEIRO, M. C. Agro Mulher (AM): Elas entraram em campo: mulheres do agronegócio apostam em capacitação para vencer preconceito no setor. Março de 2020. Disponível em: https://ideagri.com.br/posts/elas-entraram-em-campo-mulheres-do-agronegocio-apostam-em-capacitacao-para-vencer-preconceito-no-setor . Acesso em: 04 nov. 2022.
  39. RICKSON, S. T.; DANIELS, P. L. Rural women and decision making: women's role in resource management during rural restructuring. Rural Scociology, v. 64, n. 2, p. 234 – 250, 2009.
  40. SACHS, E. S.; JENSEN, L.; CASTELLANOS, P.; SEXSMITH, K. Routledge Handbook of Gender and Agriculture Routledge. New York. p. 486, ed. 1, 2021.
  41. SILVA, E. C. G.; TRUGILHO, W. S.; RODRIGUES, J. A.; OLIMPO, G.A.; CHRISTO, B. F. Estudo das teorias da administração na gestão de pequenas propriedades rurais. Caderno Profissional de Administração UNIMEP. v. 9, n. 1. 2020.
  42. SEGABINAZI, G. G. T. A inserção da mulher no Agronegócio. 2013. Projeto de pesquisa (Especialização em Agronegócios) – Faculdade Antônio Meneghetti, Recanto Maestro, 2013.
  43. SPANEVELLO, R. M.; BOSCARDIN, M.; CHRISTOFARI, L. F.; LAGO, A.; ANDREATTA, T.; BOTENE, T. S. O trabalho feminino no espaço rural. Revista Estudo & Debate. v. 29, n. 1, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.22410/issn.1983-036X.v29i1a2022.2921. Acesso em: 02 maio 2022.
  44. SUGUIMOTO, D. Y. L.; CHAVES, A. M.; COUTINHO, D. R.; ABUD, S. Análise teórica: a participação feminina na atividade econômica rural. cap 15, p. 182-191, v. 4. Agroecologia: métodos e técnicas para uma agricultura sustentável, 2021.
  45. UNAY-GAILHARD, I.; SIMÕES, F. Becoming a Young Farmer in the Digital Age - Na
  46. Island Perspective. Rural Sociology. v. 87, n. 1, p. 144–185. 2022.
  47. YANNOULAS, S. C. Dossiê: Políticas públicas e relações de gênero no mercado de trabalho. Brasília: CFEMEA, 2002.