INCIDÊNCIA DE OTITE EXTERNA POR MALASSEZIA SPP. EM CÃES NO MUNICÍPIO DE ITAPIRANGA/SC NO ANO DE 2021

Resumo

INTRODUÇÃO: A otite canina é a doença mais comum do canal auditivo em cães e representa 8 a 15% dos casos atendidos na clínica médica de animais de pequeno porte. Os principais sinais clínicos apresentados pelos animais incluem dor, prurido, meneios cefálicos, secreção otológica, odor desagradável e sinais de desconforto como nervosismo e agitação. OBJETIVO: Determinar a incidência de Malassezia spp. em casos clínicos de otite externa de pacientes atendidos no Núcleo de Práticas Veterinárias (NUPVet) da UCEFF/Itapiranga. MÉTODOS: No ano de 2021, 39 pacientes diagnosticados com otite externa pelos clínicos do NUPVet foram submetidos a coleta de secreção otológica para diagnóstico do agente causal. Para a coleta das amostras procedeu-se a higienização do pavilhão auricular  com álcool 70º, a seguir introduziu-se o swab, fazendo movimentos rotatórios dentro do canal auditivo do animal, até que se verificou presença de secreção no mesmo. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Clínica da UCEFF Itapiranga para o diagnóstico microbiológico de fungos leveduriformes através do espalhamento das amostras em semeadas em meio de cultura Ágar Sabouraud Dextrose com clorafenicol, incubadas em estufa a 37°C de 5 a 10 dias. Após o crescimento, o gênero da levedura foi confirmado através coloração e identificação das estruturas macroscópicas em microscópio ótico. RESULTADOS: Das 39 amostras de otite analisadas, 08 foram positivas para a presença da levedura Malasssezia spp. (20,51%) enquanto 31 (79,48%) foram negativas para o crescimento de fungos leveduriformes. Percebeu-se através da análise dos dias de coleta, que a maioria dos casos positivos ocorreram no verão. Malassezia spp. é um gênero de leveduras lipofílicas e oportunistas, que apresentam causas multifatoriais, sendo capazes de ocasionar lesões locais ou no canal auditivo, sinais clínicos de coceira, desconforto, odor fétido, secreções de coloração escura e eritema são frequentemente encontrados nesses casos. Alterações, como pH, umidade, temperatura e a própria microbiota contribuem a proliferação da levedura, facilitam o desenvolvimento de agentes secundários e oportunistas, dificultando o tratamento eficiente. Leveduras do gênero Malassezia spp. estão comumente envolvidas com otites, sendo que a espécie Malassezia pachydermatis é a responsável por mais de 57% de todas as infecções que ocorrem nos condutos auditivos de cães. A literatura demonstra a importância da associação entre o diagnóstico laboratorial com os sinais clínicos o que não foi possível no relato, já que as informações sobre a clínica do paciente não estavam presente nas fichas de acompanhamento. O tratamento da malasseziose tem dois objetivos: o primeiro, a eliminação da infecção e inflamação, o segundo tratar eventuais doenças subjacentes para que, a longo prazo, a otite não recorra ou não se torne crônica. O tratamento pode ser tópico e/ou sistémico, sendo possível a associação dos dois tipos de terapia. As possíveis falhas na resolução das causas de otites são associadas a não realização correta do tratamento. CONCLUSÃO: A malasseziose é uma doença comum na clínica de pequenos animais, sendo que o sucesso da resolução da doença é associado a realização correta do tratamento e a resposta imunológica do paciente.